Summary: Dentes retidos (inclusos ou impactados) são definidos como aqueles que não erupcionaram no tempo esperado. O termo impactado é utilizado quando há uma barreira física que impeça a erupção normal do dente e o incluso quando há falha no processo eruptivo. Na literatura existe um consenso de que todos os dentes retidos devem ser removidos, a não ser em pacientes com comprometimento do estado físico, extremos de idade, bem como a possibilidade de danos às estruturas adjacentes (MEDEIROS et al., 2003; HUPP; ELLIS; TUCKER, 2009).
A extração precoce dos terceiros molares reduz a morbidade pós-operatória e permite melhor cicatrização, sendo o período ideal para a exodontia entre 16 e 20 anos, já que a cirurgia realizada em com idade superior a esta, apresenta graus de dificuldade e morbidade maiores, bem como maior propensão a complicações pós-operatórias. Associado a fator idade cabe ressaltar que a falta de experiência do cirurgião pode ser um fator importante para o desenvolvimento de complicações (MEDEIROS et al., 2003; BELLO et al., 2011, BLONDEAU e DANIEL, 2007).
O desconforto pós-operatório gerado a partir de procedimentos cirúrgicos de extração de terceiros molares é causado por um processo inflamatório desencadeado pelo próprio trauma cirúrgico. O organismo responde ao trauma por meio de fenômenos vasculares e celulares organizados por uma série de mediadores químicos no intuito de cicatrizar o tecido danificado. A literatura retrata que o nível mais intenso de dor ocorre em 3 a 5 horas após essa cirurgia (FISCHER, 1988), enquanto o edema alcança sua expressão máxima em 24 a 48 horas no pós-operatório (PETERSON, 2005).
Várias terapias têm sido descritas para o controle da morbidade pós-operatória da cirurgia dento alveolar. O uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), anti-inflamatórios esteroidais e laser de baixa intensidade têm obtido bons resultados na cirurgia dos terceiros molares inferiores (CERQUEIRA, 2004).
Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são muito usados no controle da dor pós-operatória na prática odontológica. Essa classe farmacológica age na ciclooxigenase, inibindo a síntese de prostaglandinas, reduzindo, assim, o desconforto da inflamação (BANGBOSE, 2005).
Os efeitos terapêuticos do laser são amplos e destacam-se os reparativos, anti-inflamatórios e analgésicos (REDDY et al., 2003; SILVA et al., 2010; ALVES et al., 2011). A aplicação clínica do laser (acrônimo para Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation - amplificação da luz por emissão estimulada de radiação) é muito frequente em vários ramos da Medicina e da Cirurgia. O primeiro relato de utilização da luz ultravioleta como terapia foi realizada em 1930, por Finsen, que a descreveu no tratamento do lúpus vulgaris (KAHRAMAN, 2004). Desde então, a terapia com laser tem sido estudada e aprimorada.
O princípio do uso do LBP é fornecer direta bioestimulação pela luz para as células do corpo. A irradiação a laser excita uma série de moléculas presentes na mitocôndria, que absorvem a luz e aceleram a transferência de elétrons na cadeia respiratória mitocondrial aumentando a produção de trifosfato de adenosina (ATP) (combustíveis para as células), iniciando e provocando alterações estruturais de proteínas e aumentando a síntese de ácido desoxirribonucleico (DNA) e ácido ribonucleico (RNA) (KARU, 1999). Após a irradiação toda a célula é alterada, pois o aumento intracelular de ATP provoca a ativação de enzimas presentes na membrana celular promovendo um aumento da proliferação celular (KARU, 1999; XUEJUAN et al., 2009).
As propriedades terapêuticas dos lasers vêm sendo estudadas desde a sua descoberta, sendo a sua ação analgésica observada particularmente sobre as formas da dor crônica de diversas etiopatogenias, desde os receptores periféricos até o estímulo no sistema nervoso central. Portanto a terapia laser quando utilizada nos tecidos e nas células não é baseada em aquecimento, isto é, a energia dos fótons absorvidos não será transformada em calor, mas sim nos seguintes efeitos: fotoquímicos, fotofísicos e/ou fotobiológicos. Portanto, quando a luz laser interage com as células e tecido na dose adequada, certas funções celulares poderão ser estimuladas, tais como: a estimulação de linfócitos, a ativação de mastócitos, o aumento na produção de ATP mitocondrial e a proliferação de vários tipos de células (KARU 1987).
O efeito analgésico do laser de baixa intensidade se deve à prevenção na formação de prostaglandinas e pela sua ação inibidora sobre a enzima ciclooxigenase, com um efeito de teto através do qual um parâmetro aumentado além do limite prescrito não aumenta o efeito analgésico. Inibindo a ação da ciclooxigenase, o laser interfere na biossíntese das prostaglandinas, a partir do ácido aracdônico que ocorre como parte do processo inflamatório. A diminuição resultante da concentração das prostaglandinas no tecido inflamado coincide com o alívio da dor (VEÇOSO 1993). Atua também nos receptores do sistema nervoso central induzindo um efeito analgésico periférico, deprimindo os neurônios nociceptivos enquanto estimulam as células não nociceptivas. Inibem a liberação da bradicinina quando esta é mediada por mecanismos neurais (BORTOLLETO 2000).
O LBP é amplamente utilizado na Odontologia, sendo aplicado em diversas situações clínicas como no tratamento de úlceras aftosas recorrentes, gengivite, herpes labial, na redução de dor e edema em pós-operatório de exodontias, recuperação neurosensorial do nervo trigêmio, redução da dor e melhora dos movimentos de excursões mandibulares em pacientes com desordens temporomandibulares, entre outros (BRIGNARDELLO-PETERSEN et. al, 2012). O beneficio mais popular do tratamento com o LBP é na cicatrização de feridas. Todavia, outros efeitos clínicos são relatados na literatura, como a ativação de crescimento ósseo, analgesia, efeito anti-inflamatório, redução de edema e efeitos na condução nervosa. Dessa forma, a Odontologia utiliza o LBP nas suas diversas áreas e, especificamente na Cirurgia Bucomaxilofacial, a redução do edema e o efeito anti-inflamatório se destacam (KAHRAMAN, 2004; SUN, 2004). A ação anti-inflamatória e a antiedematosa é exercida pela aceleração da microcirculação, originando alterações de pressão hidrostática capilar, com reabsorção de edema e eliminação do acúmulo de catabólicos intermediários como o ácido pirúnico e láctico. Sob a ação do laser, opera-se uma transformação no metabolismo celular, situação que conduz a menor utilização do oxigênio e da glicose pela célula. Por outro lado, o laser aumenta a celularidade dos tecidos irradiados acelerando o tempo de mitose, a ação que se observa principalmente na reparação cicatricial das lesões, por maior vascularização e formação abundante de tecido de granulação (KARU 1987, VEÇOSO 1993, BORTOLLETO 2000).
Por possuir efeitos anti-inflamatórios, o LBP pode ser um grande auxiliar no pós-operatório de cirurgias bucomaxilofaciais, reduzindo dor, edema, trismo e diminuindo a necessidade do uso de medicações analgésicas e anti-inflamatórias (KARU, 2003). A terapia com LBP no pós-operatório de cirurgias de exodontia de terceiros molares inferiores tem sido pesquisada no controle da morbidade pós-operatória há quase 20 anos (ARAS & GÜNGÖRMÜS, 2008; BRIGNARDELLO-PETERSEN et. al, 2012; FERRANTE et al., 2012). Em todos os estudos, os resultados foram positivos em relação à melhora dos parâmetros trismo e edema. Os efeitos analgésicos e anti-inflamatórios do laser podem ser explicados pela redução da velocidade de condução nervosa, liberação de opióides endógenos, inibição da liberação de TNFα, melhoria na microcirculação, inibição da COX-2 e pela redução dos níveis de PGE e interleucina-1β. Desde o trabalho de Carrillo et.al. (2003), diversos estudos foram desenvolvidos, comprovando ou contrariando a efetividade do laser nessa área. Brignardello-Petersen (2012) realizou uma revisão sistemática com meta-análise para verificar a eficácia e a segurança do uso do LBP na diminuição da dor, edema e trismo no pós-operatório de exodontia de terceiros molares. O benefício foi observado apenas em relação ao trismo. Aras e Güngörmüs (2010) avaliaram o uso de LBP em relação à redução do trismo e do edema em pacientes submetidos a exodontias de terceiros molares inferiores. O LBP era aplicado intra e extraoral. O uso extraoral foi mais efetivo que o intraoral na redução do trismo e do edema pós-operatório.
O efeito anti-inflamatório do LBP é comparado ao efeito dos anti-inflamatórios não esteroidais Estudos mostram uma redução dos níveis de PGE2, TNFα, IL1β e da taxa de sedimentação de eritrócitos após o tratamento com o LBP (LOPES-MARTINS et al.; 2007). A IL 1 é um mediador envolvido em uma variedade de atividades nas respostas imune e da fase aguda da inflamação. (NOMURA; YAMAGUCHI; ABIKO, 2001).
Com os achados e informações disponíveis na literatura científica, pode-se concluir que o laser de baixa potência tem se mostrado bastante eficiente nos processos de modulação da inflamação, cicatrização e reparação tecidual e diante desses benefícios ele se torna um grande aliado na prática clínica odontológica (Andrade, 2014).

Starting date: 2016-03-01
Deadline (months): 12

Participants:

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Coordinator * Rossiene Motta Bertollo
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