Análise e Prevalência de Lesões Cervicais Não Cariosas e Suas Relações Com Interferências Oclusais: Estudo In Vivo

Nome: Christina Oliveira de Castro
Tipo: Dissertação de mestrado profissional
Data de publicação: 25/05/2012
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
Anuar Antonio Xible Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
Anuar Antonio Xible Orientador
Rogério Albuquerque Azeredo Examinador Interno
Rudys Rodolfo de Jesus Tavarez Examinador Externo

Resumo: Como conceito Lesão Cervical Não Cariosa (LCNC) é a perda de estrutura dentária, na junção cemento-esmalte por um processo de desgaste não relacionado à ação bacteriana[1]. Uma perda de estrutura dentária ocorre fisiologicamente em todos os indivíduos, mas a severidade desta perda e o local que ela aparece, dependem de fatores que podem agir de forma associada ou não, como por exemplo: a idade, o gênero, a dieta, os hábitos funcionais e para-funcionais [2]; e observa-se que populações de indivíduos mais velhos têm maior porcentagem de LCNC, sendo que o número e a profundidade destas lesões também aumenta com a idade [3]. A prevalência de LCNC pode estar entre 0,8% a 85,7% [4], sendo os homens mais afetados que as mulheres [5].
Existem algumas teorias à respeito da etiologia destas lesões, que incluem abrasão, em decorrência de estímulos mecânicos externos como em escovações inadequadas; corrosão (ou biocorrosão) [6] , que ocorrem em decorrência de fluidos ácidos na cavidade oral, quer sejam de origem extrínseca ou intrínseca; ou por problemas relacionados à oclusão, onde cargas axiais sobre os dentes geram tensão, causando quebra na estrutura cristalina do esmalte, resultando em perda de tecido duro, que são chamadas de abfração. Hoje aceita-se que a etiologia das LCNC seja multifatorial, com combinação dos três processos: abrasão, corrosão e abfração [ 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 ].
Nenhum mecanismo simples, é adequado para explicar todas as ocorrências de lesões cervicais não cariosas. Não está claro, quando um processo é mais responsável pelo início da LCNC, ou qual é responsável por sua progressão. Iniciada a quebra do esmalte por um processo, este torna o dente mais susceptível a danos, por outro processo, talvez de maneira sinérgica [7]. Uma degradação físico-mecânica dos tecidos dentais é um evento significativo, que pode ocorrer durante atividade mastigatória interoclusal, podendo envolver a região cervical do dente na presença ou não de ácidos [13, 14].
Somados ao efeito físico-mecânico que ocorre durante à atividade interoclusal, temos o chamado efeito da piezoeletricidade, que contribuirá com a perda de substância dental e refere-se a pequenas cargas elétricas que são geradas, quando o dente é mecanicamente deformado. A tensão dinâmica que ocorre na boca durante atividade interoclusal, como na mastigação ou no bruxismo, influencia a quebra da estrutura dentária [13]. É um fenômeno explicado basicamente porque ambos, dentes e ossos, são compostos de uma certa quantidade de colágeno e quando o colágeno é comprimido, uma eletricidade negativa e positiva é produzida. Íons negativos, podem estimular o crescimento ósseo e é especulado que íons positivos são emitidos através das áreas de alta tensão, levando consigo partículas de estrutura do dente [15].
A abfração ocorre quando, carga cíclica não axial ocorrer nos dentes, levando à flexão e à concentração de tensão na região cervical do dente. Desta maneira, acredita-se que as tensões contribuam para a perda de estrutura dentária, pela ruptura das ligações entre os cristais de hidroxiapatita, deixando a estrutura dentária, mais susceptível a outros processos em geral, abrasão e corrosão [13].
Uma nova teoria, postulada por Sneed em 2011 [16], e baseada nos estudos de espessura do osso de Katranji, Mish e Wang [17], explica porque as lesões tipo abfração, são mais prevalentes na face vestibular. Esta teoria, segundo o autor, pode ser chamada de teoria da ósteo-deflexão, onde ósteo é proveniente de osso e deflexão vem do deslocamento de um elemento sob carga. E explicaria melhor o comportamento do dente, ao ser submetido a um vetor de força lateral [16].
Um importante estudo epidemiológico relativo à abfração foi feito em populações pré-colombianas, onde estas lesões não foram observadas. As LCNCs também não foram observadas, em estudos investigativos de prevalência destas, em crânios de ancestrais americanos ou esqueletos pré-históricos e históricos provenientes do sul da França [17].
Mais de dois mecanismos podem estar envolvidos na etiologia das lesões cervicais não cariosas. Além da natureza ácida da placa bacteriana, tem sido mostrado que o fluido crevicular gengival também é acido. Assim a descoberta ocasional de lesões cervicais sub-gengivais podem ser exemplos de um processo de abfração-corrosão. Abfração pode ser o fator inicial e fator dominante, na progressiva modificação de lesões cervicais [18].
Apesar da tensão oclusal ser considerada um fator importante no processo de iniciação das LCNC, parece ter impacto limitado em sua evolução. Por outro lado, a influência de fatores extrínsecos, tais como escovação, não são suficientes para iniciar lesões mas poderiam desempenhar um papel na sua progressão [19].

Diante das considerações expostas e de opiniões controversas sobre os processos de formação de LCNC, principalmente o papel clínico de cargas oclusais sobre os dentes com e sem LCNC, o objetivo deste estudo foi observar a presença e as características de LCNC em uma população, estabelecendo a relação clínica destas LCNCs com interferências oclusais, cruzando-se estes dois eventos.

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